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Jaime, tu estás agora em uma academia na cidade de Valinhos e continuas treinando a garotada. Este trabalho tem foco no tênis de alto rendimento? Sempre tem o foco no alto rendimento. Eu gosto de treinar a garotada para o tênis de competição, mas também tem todo um trabalho na área social, tem um programa direcionado para executivos, tem outro voltado para damas. E neste trabalho voltado para a garotada, tem alguém que já chama a atenção? Ainda não. Estamos bem no início de um trabalho. A academia já existia, mas não estava sendo feito um trabalho. Eu estou começando um trabalho praticamente do zero. Tu estás participando de algumas etapas do circuito Citibank Masters Tour 2009. Não dá para ficar longe da competição, não? O lado competitivo sempre existe. Depois que parei de jogar, procurei um esporte para continuar competitivo. Fui para o squash, comecei a jogar e a participar de torneios. E, no tênis, às vezes, participo de eventos como este. É sempre gostoso estar jogando. É lógico que a forma está longe de ser a mesma. Mas é sempre bom. E sem a pressão dos tempos do circuito profissional. Sem pressão de pontos, de ranking. É a maneira de estar competindo. Tua última temporada no circuito profissional foi em 2001. Foi difícil o período de transição? Não. Eu tomei a decisão no começo do ano. Então ficou fácil de trabalhar durante todo o ano que aquele seria o meu último ano. O difícil, para mim, foi o último jogo de Copa Davis. Este foi difícil. Nós perdemos para a Austrália (O Brasil perdeu para a Austrália por 3 a 1, nas quartas-de-final do Grupo Mundial, em Florianópolis. Guga Kuerten e Jaime Oncins perderam nas duplas para Lleyton Hewitt e Patrick Rafter por triplo 7/6). Saber que não iria mais jogar a Davis, que aquele foi o meu último ano... Aquilo foi difícil. A única coisa que realmente eu sinto falta é a Davis. Estava então realmente na hora de parar com o circuito profissional. Já estava difícil arrumar a mala para viajar, a ter que pegar o avião, a deixar a família em casa. Era, então, a hora. Fazer as coisas meia-boca nunca foi comigo. Eu sempre gostei de fazer 100%. Como tinha mais o mesmo pique, percebi que era o momento. E quando paraste, passaste algum tempo totalmente distante do tênis ou ficaste acompanhando? Eu fiquei um ano sem saber onde estava a minha raquete de tênis. Eu fiquei totalmente fora. Na época, eu tinha a academia com os meus irmãos, conversei com eles e expliquei que queria fazer outras coisas. Não queria pensar em quadra de tênis. Joguei futebol, joguei torneio estadual de futebol society. Queria jogar sem compromisso. Queria também curtir a minha família. E depois voltei, e faço o que gosto que é ficar treinando a garotada. E não parei mais. E tu pensas em voltar ao tênis profissional? Voltar à Copa Davis? Eu não penso nisso. Justamente para não criar nenhuma expectativa, eu não penso. Eu aprendi muito com algumas coisas que aconteceram. Não fico pensando, não. Se acontecer, vai acontecer naturalmente. Eu sigo o meu trabalho, ainda mais agora, que me mudei de cidade, de São Paulo para Vinhedo. Meu foco mudou completamente. Em São Paulo, era só o competitivo. Agora, continuo no competitivo mas com menos estresse. Ao repassar toda a tua trajetória como tenista, desde os tempos de infanto-juvenil até o profissional, o que mais te marcou? Eu sempre procuro guardar somente as coisas boas. As ruins... A gente aprende muito com os tropeços, com as dificuldades. A oportunidade que eu tive de conhecer diferentes culturas, de conhecer lugares totalmente diferentes não tem preço. Vejo agora, na criação dos meus filhos, que esta oportunidade de conhecer valores diferentes, culturas diferentes, que estou repassando para eles. Tu és um dos principais tenistas do Brasil. Tens algum tipo de ressentimento por não ser reconhecido como tal? O que, diga-se de passagem, costuma se repetir com atletas de destaque em outros esportes no Brasil. Esta falta de reconhecimento te incomoda Não, de jeito nenhum. O que importa é que as pessoas que gostam de mim, as pessoas que me acompanharam, estas sabem o valor que tive. E, para mim, não importa o que eu fiz. Eu penso mais no que eu posso fazer. Por isso, não tenho mágoa nenhuma. Pelo contrário. Eu tenho muito orgulho da oportunidade que tive de ter feito coisas para o tênis. Hoje eu penso muito no que posso fazer para a minha família, no que posso fazer para os meus filhos, em dar para eles a oportunidade de ter a mesma felicidade que eu tive na profissão que eu escolhi. |
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