sábado, 29 de agosto de 2009

Será?

Coria se aventura como treinador. Alguém se habilita?
29/08/2009 às 10h45

Breno Menezes


Sem motivação para continuar a sofrer com seguidas desilusões no circuito profissional, Guillermo Coria resolveu parar definitivamente há alguns meses. Ele percebeu que não havia mais espaço para um tenista com seu estilo no tênis praticado hoje em dia. Habilidoso e com físico franzino, o argentino sucumbiu às contusões e à falta de motivação.

Jogador de raro talento, "El Mago" sempre pecou em um aspecto crucial para qualquer atleta de alto rendimento, especialmente em esportes individuais: a força mental. Nunca se duvidou da capacidade de seus golpes ou da maneira como fazia seus adversários "bailarem" em quadra. Mas na hora do aperto, Coria fracassava.

O fato é que o argentino agora vai se aventurar fora das quadras, no papel de treinador. A grande dúvida, no entanto, é saber como um tenista pode ser lapidado nas mãos de quem tanto padeceu com a falta de confiança e fraco equilíbrio emocional. Se Coria fosse mesmo um grande motivador, não teria se retirado com apenas 27 anos, com tanto caminho ainda por percorrer. Nesta idade, o tenista tende a atingir seu ápice.

A derrocada de Coria, iniciada com a perda inacreditável do título de Roland Garros em 2004, pelas mãos do compatriota Gastón Gaudio, culminou com seguidas lesões e frases desalentadoras. No Brasil Open da temporada passada, parecia um juvenil ao celebrar a primeira vitória em quase 18 meses, depois de bater o modesto Francesco Aldi, em espetáculo dantesco. Na sequência, perdeu para "Pippo" Volandri e depois só anotou mais uma vitória em ATP.

Oscar Coria, pai do jogador, veio a público e disse que gostaria de ver o rebento longe do profissionalismo, pois não aguentava mais acompanhar Guillermo sofrendo tanto e se queixando da sempre culpada "falta de sorte". O conceituado treinador Alberto Mancini foi outro que - de certa forma - antecipou a aposentadoria do tenista. Para todo mundo, o problema de Coria estava em sua cabeça e nada poderia ser feito quanto a isso.

Sem conseguir entrar em forma e perdendo uma estreia seguida da outra, o argentino se retirou. Permaneceu alguns meses fora dos holofotes e nesta semana ressurgiu no noticiário argentino, com semblante sorridente, surpreendendo ao declarar que será técnico de jovens talentos.

O diário Olé divulgou algumas declarações interessantes do ex-número 3. Sua primeira "cobaia" será Renzo Olivo, 17 anos e top 50 do ranking juvenil, e que enfrenta na próxima semana o US Open, sem a presença do novo treinador. "Não esperava começar a trabalhar com tão cedo com os garotos. Calhou de ter essa oportunidade com Renzo (Olivo), já que ele vive também em Rosário", disse o animado Coria.

Como se fosse provido de um "dom" especial para trabalhar a carreira de um novato, ele ainda sonha fazer sucesso em sua nova empreitada e deve investir em uma academia, ao lado do irmão Frederico. Por enquanto, curtindo a aposentadoria, Coria participa de clínicas por toda a Argentina, até se assentar definitivamente em sua nova profissão.

Vice-campeão de Roland Garros dono de nove títulos de ATP, Currículo para atrair qualquer juvenil sonhador. Ah, Coria nos dá mais um motivo negativo para questionar sua capacidade como técnico: não conte com ele para viajar e ter uma relação mais próxima. "Poder acompanhá-los é muito difícil no momento. Acabei de deixar o circuito e estou com o projeto da academia. No ano que vem, quem sabe, irei para a alguns Grand Slam". Alguém se habilita a ser aluno de um tutor tão dedicado? Basta perguntar a qualquer técnico de ponta.

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